Isavasya Upanishad


1. Introdução

O Aitareya Upanishad forma parte do Aitereya-Aranyaka do Rig-veda. Ele está dividido em cinco seções ou Khandas. O Upanishad tem este nome devido ao seu preceptor, Mahidasa Aitareya, o filho de Itara.

2. Ele descreve, no conhecimento simbólico, a criação do universo. Ele lida com o Atman, como a realidade única. Ele contém os ensinamentos de Vamadeva Rishi, quem alcançou a imortalidade através do conhecimento do Ser.

3. O ensinamento central deste Upanishad é a unidade do Atman com o Paramatman.

4. Hari OM. Minha fala está enraizada na minha mente. Minha mente está enraizada na minha fala; Brahman, desvele-Se para mim. Ó vós, mente e fala, capacitem-se para entender a Verdade que as Escrituras ensinam. Não deixem que elas escapem de mim. Eu junto o dia e a noite para estudá-lAs. Eu falo a verdade. Eu falo o que é real. Que me protejam. Que se proteja o Guru. Que nos proteja. Que protejam o Guru. Que protejam o mestre.
Om Shanti! Shanti! Shantih!

2. A história da criação

4. No começo, todo isso era, de fato, apenas Atman. Nada havia nada. Nada aqui que existe vivia. Não havia outra coisa que piscasse.

5. Ele (Atman), pensou: agora, de fato, Eu criarei os mundos.

6. A palavra “atman” é derivada da raiz a qual significa: obter; comer, desfrutrar ou impregnar tudo.

7. Ele criou os mundos, a saber: Ambhas, o mundo acima; que está mais acima; Marichi, o mundo os raios de luz; Mara, o mundo mortal (esse nosso mundo da Terra); Apa, o mundo abaixo da Terra. O que está debaixo da Terra são as águas.

8. Ele refletiu: os mundos estão feitos; Eu os criei. Eu irei criar os protetores do mundo (Lokaplas). Então ele retirou um Purusha da água e lhe deu forma (humana).

9. O Atman moldou de uma matéria disforme a forma de um homem. Um orifício no formato de uma boca manifestou como um homem, a qual foi moldada por Ele, assim como um ovo de pássaro eclode depois de chocado. Da boca saiu a fala, e da fala o fogo. Então surgiram as sua suas narinas, e das narinas a respiração, e da respiração, o vento.

10. Seus olhos surgiram na frente; dos seus olhos a visão; da visão, o sol. Surgiram as suas orelhas; das suas orelhas a audição; da audição as divisões. Surgiu a sua pela; da pele o cabelo; do cabelo as ervas e grandes árvores. Surgiu o seu coração; do coração a mente; da mente, a lua. Surgiu o umbigo; do umbigo o Apana, e do Apana a morte. Seus órgãos gerativos surgiram; dos órgãos gerativos veio o sêmen, e do sêmen a água.

2.1. A história da criação - continuação

11. Aqueles deuses, então criados, caíram no grande oceano do Samsara (mundo). Então ficaram sujeitos a fome e a sede. Eles disseram ao criador: ordene para nós um local, o qual, uma vez estabelecido, nós teremos comida.

12. Ele trouxe um touro para eles. Eles disseram: isso não é suficiente para nós. Então Ele trouxe um cabalo para eles. E eles disseram: isso não é, também, suficiente para nós.

13. Ele trouxe um homem para eles. Eles disseram: muito bem, de fato! Hurra! Apenas um homem é a peça mestra. Um homem é a morada de todas as boas ações. Ele, então, disse para eles: entrem nos seus respectivos corpos.

14. O fogo, vindo da fala, entrou na boca; o ar, vindo do Prana, entrou nas narinas; o sol, vindo da visão, entrou nos olhos; as deidades dos pontos cardeais, tornaram-se sons, e entraram nos ouvidos; as árvores, e ervas, tornaram-se cabelos, entrando na pele; a lua, vindo da mente, entrou no coração; a morte, vindo de Apana, entrou no umbigo; a água, vindo do sêmen, entrou nos órgãos gerativos.

15. A fome e a sede disseram para Ele: assinale o local para nós. Ele disse para elas: Eu assinalo o local de vocês nestes deuses; eu as faço partilhar com eles. Portanto, quando as oblações forem oferecidas para qualquer deus, a fome e a sede farão parte disso.

16. Então o Senhor pensou sobre a água, e da água surgiu a forma. A forma, assim criada, de fato, era alimento.

17. Deste alimento foi desejada a chuva. Ele tentou pegá-la pela fala, mas não pode fazer isso pela fala. Se fosse possível pegá-la, simplesmente pela fala, então se ficaria satisfeito meramente por falar em alimento.

19. Ele desejou pegá-la pela respiração. Mas Ele não pode pegá-la pela respiração. Se Ele a tivesse pegado pela respiração, então se poderia ficar satisfeito meramente por cheirar o alimento.

20. Então Ele desejou pegá-la pelo olhar. Ele não pode fazer isso pelo olhar. Se Ele pudesse pegá-la pelo olhar, então apenas em ver o alimento seria satisfeito.

2.2. A história da criação - continuação

21. Ele desejou pegá-la pelas orelhas. Ele não pode fazer isso pelas orelhas. Se ele pudesse pegá-la pelas orelhas, então ficaria satisfeito apenas em ouvir sobre o alimento.

22. Ele desejou pegá-la pelo toque. Ele não pode pegá-la pelo toque. Se ele pudesse fazer isso pelo toque, então ficaria satisfeito meramente por tocar no alimento.

23. Ele desejou pegá-la pela mente. Ele não pode fazer isso com a mente. Se ele tivesse pegado pela mente, se ficaria satisfeito apenas em pensar no alimento.

24. Ele desejou agarrá-la pelos órgãos gerativos. Ele não pode fazer isso pelos órgãos reprodutivos. Se ele pudesse fazer isso pelos órgãos reprodutivos, então alguém ficaria satisfeito pela mera emissão (do sêmen).

25. O Senhor, pensou: como podem todos estes viver sem Mim? Então, Ele ponderou: por qual caminho deverei entrar? Novamente, Ele pensou: se a fala refere-se boca; o aroma ao nariz; a visão aos olhos, a audição aos ouvidos, o toque à pele, o pensamento a mente, comida pelo Apana e liberada pelos órgãos reprodutivos, então quem Sou Eu?

27. Então Ele abriu a sutura do crânio e entrou pela porta. A porta é chamada de Vidriti ou a rachadura. De fato, esta é Nandana, o local da bem-aventurança. Ele tem três residências localizadas no corpo, e três estágios de sono. Esta é sua residência; este é o seu lugar de descanso; este é a sua morada.

28. O olho direito é sua primeira morada. A mente é a segunda. A cavidade no coração ou Akasha do coração é a terceira.

29. Quando nasce (na forma de Jiva, isso é, quando o elevado Ser entra no corpo), Ele é refletido com referência a todos os seres. Ele observa ao seu redor as criaturas, e pensa. Como deverá alguém falar de outro? O que mais além de Mim para Mim chamar? Não há nada. Como Ele poderá desejar declarar outra coisa diferente d´Ele? Ele não encontra nada mais do que a realidade de Si mesmo, como Purusha, o Brahman, todo impregnante. Ele disse para Si mesmo: Ó, Eu causo isso que vejo.

30. Portanto, Ele é chamado Idandra. Idandra é de fato Seu nome. Conhecendo Ele como Idandra, Ele é chamado indiretamente de Indra. Por isso os Devas são chamados indiretamente pelos seus nomes; assim é.

3. A história do Nascimento

31. Primeiramente, a pessoa é um germe em um homem. Aquilo que é o sêmem é a essência da força ou vigor (Tejas), surgindo de todas as partes (do corpo). Ele é mantido dentro de si, em apenas o seu ser. Quando ele deposita o sêmen numa mulher, então ele causa o nascimento. Isso é o primeiro nascimento.

32. Então o sêmen se torna uno com a mulher, como suas próprias partes do seu próprio corpo. Portanto, não é produzido sofrimento nela. Ela alimenta este ser que penetrou nela.

33. Como ela se torna a nutridora do ser dentro dela, assim, também, ela deverá ser nutrida. A mulher sustenta o filho dentro dela. O pai, nutre a criança antes, e também depois do seu nascimento. Ao nutrir a criança depois do nascimento, ele de fato nutre a si mesmo, para a continuidade dos mundos. Assim os mundos são perpetuados. Este é o segundo nascimento.

34. O filho que é o seu verdadeiro ser, é feito seu substituto, para a realização de feitos virtuososo pai, tendo realizado seus deveres e obrigações, alcança a velhice, e parte deste mundo. Quando parte, ele nasce novamente. Este é o seu terceiro nascimento.

4. O Rishi Vamadeva35. Foi dito pelo Rishi Vamadeva: “Quando no útero eu conheci todos os nascimentos dos Devas. Uma centena de corpos, como ferros, me prendiam. Mas eu saía através deles com velocidade, como um falcão”. Assim falou Vamadeva, enquanto estava no útero.

36. Os corpos são como casas de ferro impenetráveis, que impedem o Jiva de se libertarem a si mesmos das amarras do Samsara. Os corpos são comparados a fortes armaduras de ferro, uma vez que aprisionam o Jiva dentro deles.

37. O Rishi Vamadeva tornou-se conhecedor do Atman, e ficou idêntico a Ele. Ele dirigiu-se a si mesmo para o caminho superior, e após a destruição do corpo, alcançou todos os desejos no mundo celeste, e tornou-se imortal.

5. A consciência é Brahman38. Quem é este Atman que nós adoramos? Qual dos dois Ele é, o Atman real ou o fenomênico, Nirupadhika ou Sopadhika? Quem é aquele pelo qual uma pessoa vê, ou ouve, ou sente o aroma dos cheiros, ou pelo qual alguém expressa a fala; ou experimenta os sabores dos gostos?

39. Este é conhecido como coração; sua mente é consciência, dominando o conhecimento das artes; a compreensão, o poder de reter aquilo que vem dos livros, a percepção, coragem, reflexão, poder independente de pensamento, sofrimento da mente advindo das doenças, etc.; memória, vontade, aplicação, qualquer propósito de manutenção da vida; desejo de companhia de mulheres; tudo isso, de fato, são nomes da Consciência.

40. Este é Brahman; este é Indra; este é o Criador; todos estes Devas; todos estes cinco elementos, a saber: Akasha, Vayu, Agni, Prithivi, Apas; todas estas criaturas pequenas; todas estas outras; a semente da criação; aquelas que nascem de ovos; que nascem de úteros; que nascem da transpiração; dos brotos; cavalos, vacas, homens, elefantes, qualquer que seja o que respira e se move e voa, ou que é imóvel, tudo isso é guiado pela Consciência (Prajñanam), e são mantidos pela consciência. O universo tem a Consciência como seu guia. A Consciência é a base ou sustentação de tudo. De fato, Prajñanam é Brahman.

41. Prajñanam Brahman: Consciência Pura é Brahman. Este é um dos Mahavakyas ou grandes máximas dos Upanishads.

42. Tudo isso é chamado de Lakshana-Vakya, porque dá a descrição da natureza de Brahman.


43. Vamadeva, e outros sábios, foram erguidos para o estado de proteção de Brahmam, devido aos seus conhecimentos sobre o Atman. Vamadeva deixou este mundo e alcançou todos os desejos no mundo da bem-aventurança suprema, e alcançou a imortalidade.

44. Um sábio liberado não se move por sobre o mundo. Ele absorveu-se totalmente no Brahman todo impregnante. Ele realizou que a alma individual é idêntica com Para Brahman.